sábado, 5 de maio de 2012

PROCURA-SE UM ÍDOLO (Walmari Prata Carvalho)


Sempre nos questionamos pelo exagerado apego dos inúmeros fãs clube a seus ídolos.

Quando o Neymar esteve aqui em Belém, a extravagância nos gritos, suspiros e convulsivos choros ultrapassaram a razoabilidade. Assim incorrem inúmeros outros fãs clube com seus diversificados ídolos, até mesmo a Lacraia atrai inúmeros admiradores quase idólatras. Todos se questionam que fenômeno é este. Percebo que nossa sociedade busca encontrar valores que lhes possam servir de norte. Na ausência de padrões éticos copiáveis optam por valores midiáticos que embalem na sonoridade de seus feitos esportivos ou musicais uma esperança de vida melhor ou mesmo que lhes sirvam da bálsamo para as deficiências estatais de serviço e pessoas.

Igual a eles procurei encontrar um exemplo, que a mim propiciasse a tênue expectativa da melhoria do Estado. Foquei em LULA que me deu entre outros o mensalão que nunca viu, ouviu ou sabia; decepção. Foquei na mãe do PAC que, mesmo avisada das traquinagens de seu filho, ainda possui a petulância de dizer nada saber, quando antes mesmo de ser “mãe presidente” já era mãe de um filho prostituido pela DELTA. Agora finge procurar o pedófilo capitalista. Foquei minhas esperanças no austero paladino Demóstenes, hoje desmontado de sua empáfia levado por água de esgoto em que o poder transformou uma cachoeira de benesses publicas. Focava no paladino da moralidade em nosso Estado; o caçador de pedófilos; visualizado um homem de princípios morais com possibilidades de ser meu alcaide; desnudou-se como todos os demais. Foquei neste governo que ai esta. Acreditei tanto, que ate afixei banner de propaganda eleitoral em minha sacada. Na campanha fiz oposição em texto ao contrato de locação do PT com a construtora Delta relativo aos carros da PM. Meu voto perdeu significado, este antes combativo candidato, agora governo aquiesce a um contrato no mínimo eticamente imperfeito e busca o paliativo da legalidade em Goiás; quem sabe a Cachoeira que jorra por lá merecidamente não venha a respingar por aqui.

Será que jamais encontrarei um ídolo incólume aos vícios institucionalizados. Pelo andar da carruagem o podre poder não permitira o surgimento em seus quadros deste antagônico senhor, os que assim desejam agir serão esmagados ou cooptados pela ditadura das letras camuflada em democracia. O desespero da busca de um valor nacional ou mesmo local, cada dia que passa transforma-se em utopia. Desencantado com os quadros de nosso cenário político, e, desejando uma solução para tanta corrupção acabamos por nos permitir em optar pela substituição da ditadura das letras, pela ditadura das armas, mesmo que utopicamente.

Belém 04 de maio de 2012.

WALMARI PRATA CARVALHO

5 comentários:

  1. Coronel Walmari,

    Seu texto é excelente. Depois que o Senador Demótenes foi desmascarado pensei em escrever um texto, mas outras atividades adiaram o projeto. Agora, aproveito as suas palavras para, sucintamente, desenvolver o raciocínio postergado.

    A questão central versa sobre o que é o comportamento moral. O grande erro – compreensivo para quem não lida com a filosofia – é transportar para o INDIVÍDUO, aquilo que, no máximo, é característica da sua AÇÃO.

    Em outras palavras, não devemos dizer que fulano é, ou não, HONESTO. Honestidade é um atributo do comportamento, logo é perfeitamente compreensivo e lógico que alguém possa agir com honestidade num determinado momento e com desonestidade em outro.

    No campo da ética ou moral, não devemos nos referir à essência de quem age, como se a honestidade fosse um atributo da pessoa, pois estaríamos desconsiderando a principal faculdade humana: A LIBERDADE. Temos que poder ser honestos ou desonestos quando bem desejarmos. Pensar numa pessoa essencialmente HONESTA é uma utopia, fruto de um intelecto capaz de construções metafísicas.

    Portanto, penso, que não devemos canalizar para a pessoa o que é atributo do seu comportamento. Logo, se não estiver equivocado, devemos elogiar alguém quando essa pessoa pratica atos meritórios e criticá-lo quando agir de forma transgressora, afinal, somos livres para, quando desejarmos, ser bons ou maus. “Essa é a dor e a delícia de ser humano”, parafraseando o grande poeta Caetano Veloso.

    Um abraço

    P.S. – Critique-me quando agir errado e me elogie quando acertar.

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    1. WOLGRAND;
      Divagar sobre filosofia ultrapassaria meu cabedal academico.Minha tosca percepção do comportamento humano permite ate compreender em parte ou ate distorcidamente a profundidade de sua visão do ser humano em sua libertade optativa entre o certo e o errado no espaço temporal de sua existencia,e bem da verdade varios seriam os fatores condicionantes pessoais de uma especifica conduta ate mesmo divergente da comumente adotado por essa pessoa.Entretanto tenho o entendimento de que qualquer cidadão guindado a representante ou gestor de uma sociedade pelo voto da escolha perde esta condição optativa humana de escolher pelo livre arbitrio entre o certo e o errado,ele representa uma coletividade,e,por ela devera decidir, mesmo contrariando sua vontade, sempre pelo que é certo,pois,este é o desejo dos que o colocaram como representante,se, na condição de servidor público deixar sua vontade prevalecer ao desejo de seu povo estara sublevando a vontade unica que deve prevalecer.Acredito ate que para estes representantes públicos a lei deveria ser mais severa.Ele no cargo ou função não possui não a liberdade de ser honesto ou desonesto.Quando a sociedade outorga representatividade a um cidadão ,que a assume na condição de servidor público,o povo constroi sim,mesmo que metafisicamente a figura essencialmente HONESTA.Esta é a figura padrão que se espera,por isto os desencantos com tantos que se permitem pelo livre arbitrio(que não lhes pertence mais na função ou posto)a optarem pelo errado.

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  2. luiz Mário de Melo e Silva5 de maio de 2012 às 07:06

    O que é certo ou errado para um marginal? Um marginal pode elogiá-lo, caso estejas agindo segundo o interesse dele.

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    1. Luiz,

      Existe a discussão EM TESE e a discussão a partir de CASOS CONCRETOS. Se conseguires perceber essa distinção entenderá o propósito dos meus argumentos.

      Não obstante, seja o julgamento feito por um marginal ou um cidadão de bem, constitui um erro avaliar a conduta dos outros "METAFISICAMENTE", ou seja, como se o agente não possua a possibilidade de escolher se deseja agir bem ou mal.

      A liberdade do agente é condição, sine qua non, para que possamos avaliar a sua conduta e poder RESPONSABILIZÁ-LO. Seja ele uma marginal ou não.

      De outra forma, jamais alguém poderá ser considerado culpado pelas ações praticadas, mas quem (ou o que) o determinou.

      Um abraço!

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  3. Luiz Mário de Melo e Silva7 de maio de 2012 às 06:30

    Neste caso, a coisa se dá pelo ângulo do interesse de quem observa? Seria como decidir se o capitalismo é bom para quem é mau ou mau para quem é bom? De outra forma:"quem (ou o que)o determinou" existe antes da ação (do concreto)?

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