Mas, no grande circo PARACUTAIA, além de “boi voar”, porcos e onças são amiguinhos desde criancinhas, quero dizer, desde animaizinhos. Isso não é conversa de pescador. É a mais pura corrupção do imaginário infantil.
Tudo começou quando o porco assumiu o comando da diretoria de segurança do grande circo PARACUTAIA. Dentre as idéias que tinha em sua apertada cabeça suína estavam a de enricar com o dinheiro público e enlamear o nome da sua corporação. Era um animalzinho sem muitos atributos, mas sobejamente ambicioso e invejoso. Para não falhar no seu vil intento, de imediato, chamou ao seu gabinete a onça pintada e lhe propôs um plano diabólico. Ofereceu à felina o comando da bilheteria do setor nordeste do circo, denominado Abaeté.
Quem conhece Abaeté sabe que ela é a porta de entrada de tudo que não presta. Mandar a onça para lá é como dar queijo para rato. Mas a designação tinha propósitos específicos e atendia perfeitamente aos interesses da dupla malfazeja. Assim a onça, livremente, começou a atuar para o seu enriquecimento e do seu chefe porco. Apesar dos poucos meses que tinham pra se locupletarem, tudo estava indo bem até que a incontida ambição da onça os traiu.
A felina, não contente com os gordos trocados que ganhava, resolveu determinar aos seus subordinados que se ausentassem dos seus locais de trabalho e pintassem a sua toca, que fica do outro lado do circo, no setor metropolitano. O porco sabia de tudo, mas não impediu o desvio de função protagonizado pela sua comparsa. Chegou até a opinar na escolha das cores. Sugeriu róseo, inspirado em sua tez, mas a onça, somente pra contrariar, escolheu amarelo-banana.
Tudo estava correndo bem quando os caçadores públicos perceberam um movimento estranho na toca da onça (a cor amarelo-banana despertou as suas atenções). Profundos conhecedores dos hábitos de sua caça armaram uma tocaia e, numa tarde de verão chuvoso, capturaram a indócil felina. Expuseram-na no picadeiro como um troféu para que todos a vissem e, sem saber das ligações funestas que tinha com o porco, a encaminharam para que o suíno a custodiasse.
Vendo-se numa “sinuca de bico”, o porco tentou impedir que a sua amiga onça fosse escalpelada (pele de onça custa caro no mercado negro) e a nomeou para chefiar o treinamento dos agentes de segurança do circo, na esperança que os seus maus exemplos fossem esquecidos. Esperava também que disseminasse para os outros animais milicianos, que ainda não possuem caráter definido, as suas práticas deletérias.
Mas, o plano do porco foi descoberto e o circo todo protestou. Queriam ver a onça enjaulada. Em coro uníssono afirmaram que um animal nocivo não podia ficar perambulando livremente. A repercussão foi tão grande que a chefa do grande circo, AlibabANA, determinou o tão querido confinamento da onça.
Hoje o porco está desesperado temendo que a onça bata com "a língua nos dentes" e conte detalhes do malsinado plano que, juntos, arquitetaram. Torce para que urgentemente o grande circo PARACUTAIA conclua a sua temporada e cante em outra freguesia.
Moral da história: O amor e o ódio não tem existência objetiva. São resultado dos interesses de quem os possui.