segunda-feira, 28 de maio de 2012

No Futebol paraense a mentira perdeu a graça (Ou ”Me engana que eu gosto”)



Tem uma música popular sertaneja que expressa, com precisão sem igual, a relação do povo paraense com o futebol local: “ME ENGANA QUE EU GOSTO”. Em lugar nenhum do mundo a mentira é tão desprezada como neste Estado. Há, como disse certa vez o cronista Arnaldo Jabor, um total desrespeito com a mentira. Ela é tão descarada por estas bandas que ninguém mais a leva a sério. Pinóquio aqui é assemelhado à Santíssima Trindade.

A última “revelação” do futebol paroara foi a “desistência” do Cametá Futebol Clube da disputa da 4ª Divisão do Campeonato Brasileiro, com a súbita e “inquestionável” ascensão do Clube do Remo (segundo colocado no "Parazão").

O Cametá tinha direito a vaga na Série D do “Brasileirão” por ter conquistado o campeonato paraense deste ano, mas o seu presidente, num ato isolado e sem o conhecimento e consentimento da diretoria e torcida cametaenses, desistiu formalmente à disputa sob o tosco argumento da falta de recursos pecuniários para financiar o clube durante o certame.  

Como compensação pela incomum “gentileza”, o (ex)presidente do clube interiorano recebeu 50% da renda dos jogos finais do campeonato paraense. A mais descarada negociata do falido futebol paraense. Para convalidar a espúria troca de favores, o Presidente da Federação Paraense de futebol, em tempo recorde, notificou a Confederação Brasileira de Futebol indicando o Clube do Remo como representante do futebol paraense na Série D.

A vergonhosa tramóia futebolística ainda contou com o apoio generalizado da imprensa local, que, voltada para o próprio umbigo e movida por interesses comerciais, não realizou uma cobertura jornalísitca digna e isenta dos fatos. Preferiu referendar a indicação do clube com maior tradição, mesmo que os trâmites tenham sido, no mínimo, estranhos e nebulosos, afinal, nesses casos, a audiência é mais importante que a verdade.

Além dos reprováveis atos dos "cartolas"  e outras personagens do cenário desportivo paraense, esse lamentável episódio descreve, com precisão, a indolência moral do povo paroara. Tão passivo ante os atos de corrupção, que a classe dirigente – de uma inexpressiva 4ª Divisão - sequer se emprenha em mentir com sutileza.   

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