terça-feira, 21 de agosto de 2012

Salário não faz bons profissionais, apenas os atrai.



Com o título “Bom salário não melhora ensino”, a matéria de capa do jornal “O Liberal” de domingo, 19, sugeriu, aos incautos leitores, que a elevação do valor da hora aula para os professores da rede pública paraense, para 12,66 reais, não repercutiu no desempenho da escola paroara em 2011, segundo dados no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (inep). Para variar, o Pará, segundo o instituto, possui uma das piores escolas da Federação.

Embora o resultado da pesquisa pareça confiável, o problema reside na descrição das causas desse fenômeno. Não creio que salário melhore o desempenho profissional de alguém.  

Antes de desenvolver o raciocínio central, convém considerar que, há pouco mais de 5 anos, a hora aula paraense custava 5,00 reais. A pior da Federação. Hoje, segundo a reportagem, é a 8ª melhor. Todavia, apesar da incontestável melhora, o salário final do “mestre paroara” continua pífio, se comparado com outras categorias profissionais. A remuneração (sem algumas gratificações) gira em torno de 2.531,80 reais, pouco mais do que ganha um soldado da Polícia Militar do Pará.

Mas a crítica aqui realizada se volta para a ideia subjacente de que salário tem o condão de transformar a conduta humana, isto é, como algo capaz transformar um professor medíocre num bom profissional. Seria como acreditar que um jogador de futebol “perna de pau” pudesse virar um craque, se passasse a receber remuneração semelhante ao jogador brasileiro Neymar. Um erro crasso de raciocínio lógico.

Parece-me claro que salário não torna ninguém melhor do que é (excluo aqui os que fazem “corpo mole”, por não se aplicar ao objeto em análise). Em qualquer sociedade, os melhores migram para onde existem melhores condições de trabalho, status e remuneração. Não são os melhores salários que instituem os melhores profissionais, mas estes são atraídos pelos melhores salários. Quem paga melhor, tem os melhores. Estes são “aliciados” pelos benefícios que lhe são oferecidos, salvo as honrosas exceções franciscanas.

Por essas razões, as discussões sobre o desempenho da educação brasileira, quando se fala de aumento salarial, não deve girar em torno da qualificação ou “estimulação” financeira daqueles que pertencem à carreira acadêmica, como se o simples aumento dos seus salários pudesse mudar a educação brasileira de uma hora para outra. Se assim fosse, seria razoável supor que esses profissionais estariam, no mínimo, agindo de má-fé no exercício do cargo, num verdadeiro estelionato acadêmico.

Por outro lado, não estou dizendo que um bom salário não ajudaria a combalida educação tupiniquim. É claro que sim. Mas não creio que o vil metal possa transformar alguém naquilo que não é. Somos o que somos, com boa ou má remuneração. O dinheiro não muda, apenas seduz.

Por essas razões, o AUMENTO SALARIAL PARA O MAGISTÉRIO não tem o condão de transformar os profissionais que já integram a carreira docente, fazendo-os trabalhar mais e melhor, mas, sobretudo, atrair OS MELHORES para essa fundamental atividade humana, porque SALÁRIO NÃO FAZ BONS PROFISSIONAIS, APENAS OS ATRAI.            

2 comentários:

  1. Desta vez concordo na plenitude.A visão correta é esta podem ate divergir,mas,é esta sim.

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  2. O contexto que esta sendo utilizado na materia direciona a visao de um trabalhador concursadoe
    Pois no setor privado em grandes empresas trabalha com 5s e o reconhecimento faz sim bons profissionais setor publico nunca vai atkngir nem o primeiro s dos 5

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