sábado, 4 de agosto de 2012

Motivações? (Walmari Prata Carvalho)

O jornal Estado de São Paulo publicou noticia sobre pesquisa onde os identificados pelos pseudônimos Steve e Mike, contaram suas histórias e motivações ao tenente-coronel Adílson Paes de Souza, que foi para a reserva em janeiro. As entrevistas relatam os motivos que levaram os entrevistados ao cometimento de assassinatos quando investidos da função de Policiais Militares, e, estão na dissertação de mestrado A Educação em Direitos Humanos na Polícia Militar de autoria do aludido oficial.

Neste trabalho acadêmico encontra-se registrado entre outros motivos o de que a PM prende e imediatamente a justiça solta; que o uso da arma pelo PM o colocaria em destaque entre seus pares, e, por ai vai. Não podemos negar a sustentação técnica na obtenção dos motivos, entretanto, enumero outros motivos não elencados, que podem conduzir os então fragilizados PMS ao cometimento de assassinatos ou outros deslizes administrativos de menor monta: 1-Os exemplos rotineiros de cometimento de ilícitos por gestores de vários setores,inclusive os internos,que mesmo flagrados permanecem soltos, e, impunes. 2-A politicagem institucionalizada. 3-Os direitos estatutários que lhes são tirados pelo governo. 4-A preterição as promoções devidas. 5-O desacompanhamento funcional pós termino de curso nas atividades operacionais. 6-A falta de apoio as demandas pessoais, inclusive familiares por parte de seus comandantes diretos. 7-A carga estressante de trabalho diário. 8-A falta de uma presença mais freqüente da palavra de fé, e, do temor a Deus. 8-O privilégio funcional de alguns mesmo em desrespeito ao regulamento de movimentações. 9-A falta da orientação (operacional, espiritual, social) diária por parte de seus comandantes diretos antes da saída para o trabalho. 10-A falta de um salário condigno, que os obrigam a recorrerem aos bicos na busca do sustento de suas famílias, e, mesmo assim recebem fiscalização superior. A principal, e, de maior importância é que os oficiais (não todos) precisam descer de seus pedestais se fazendo presente nas ações operacionais diárias em apoio às praças com eles serrando fileiras, pois, o que mais se observa são ações comandadas por cabos, e, nesta exata condição a praça se nota abandonada pelo sistema, e, se revolta contra a estrutura. Logicamente que nada disso justifica os assassinatos, mas, incidem corrosivamente nas personalidades já debilitadas de agentes estressados podendo servir de estopim para uma conduta irracional continuada.

Belém 02 de agosto de 2012.

WALMARI PRATA CARVALHO

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