sábado, 16 de junho de 2012

A mentira é prerrogativa do tempo presente (Ou: “O futuro a Deus pertence”)


Os governadores papa-chibés devem pensar que os paraenses são idiotas (é bem provável que sejam mesmo). Prometem ações inexeqüíveis com a cara mais deslavada possível. A ex-governadora Ana Júlia, por exemplo, tentou enganar a todos com o programa denominado “Um bilhão de árvores”. A ideia era plantar essa quantidade de árvores durante o seu governo para compensar o alardeante desmatamento que ocorre em solo paroara. Como a questão ambiental virou moda, ela, sem qualquer pudor, prometeu salvar o planeta substituindo a flora amazônica por outra novinha em folha. Depois de quatro anos, o máximo que Ana Júlia conseguiu plantar foi “UM MILHÃO”, de aproximadamente 80 centímetros.

Agora em 2012, o governador Simão Jatene, para não ficar atrás de sua antecessora, em plena Conferência RIO+20, em nome do governo do Estado, assumiu um inusitado compromisso: “ZERAR O DESMATAMENTO EM SOLO PARAENSE”.  Mas para não ser desmascarado em vida como Ana Júlia, transferiu a realização da sua promessa para o ano de 2020, quando, certamente, não estará no governo do Estado ou, quiçá, neste mundo.

Embora não menos ambiciosa que o programa da governadora petista, a idéia de Jatene é que todo desmatamento no território paraense seja obrigatoriamente compensado com o replantio do que foi derrubado em outra área anteriormente alterada. A diferença, porém, astutamente, está no TEMPO. Realizar-se-á no futuro, ou seja, é uma promessa que dependerá de inúmeras variantes que hoje não estão sob o controle do governo do Pará, mas um dia poderá estar. Assim, tecnicamente, não devemos classificar o discurso do governador como MENTIROSO, afinal não há contradição alguma em prometer aquilo que hoje é absolutamente impossível quando a sua realização está prevista para o futuro. Até lá, quem sabe, poderá surgir uma nova matemática em que zero seja igual a um, dois ou cem.

Depois dessa magistral cartada jateniana, coisa da verve singular do governador mais inteligente do país, creio que jamais passarei por situações embaraçosas. A partir de hoje somente prometerei a observância de uma promessa num futuro longínquo quando, certamente, não terei motivos para cumpri-la, seja por ter sido acolhido amorosamente por São Pedro ou pelos calorosos braços de Satanás.    

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