terça-feira, 30 de abril de 2013

Hilárias passagens da caserna VI (Walmari Prata Carvalho)

Como prometido foi reporto-me agora a mais uma das inúmeras passagens hilárias de caserna, esta, talvez, não venha a ser considerada tão hilária para aqueles que, não vivenciaram a época em que o fato ocorreu, mesmo porque, nos dias de hoje tem gente mudando o ritmo ate do sermão das três horas da agonia; novos tempos, novos dias. Mesmo assim esperando levar aos corações saudosistas, e, impregnados com os sentimentos nacionais que, o então momento será despertado na grande maioria os quais perceberão em maior profundidade o fato em si, e, sua decorrente provocação ao hilário.
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Minha turma de NPOR 1970 realizava manobra, e, neste especial momento todos se encontravam dentro de um barco de três andares, movido por imensas pás em sua popa, o qual lentamente subia o rio Madeira. O andar de cima era ocupado pelo general comandante da manobra, e, seu staff. No andar mais abaixo todos os membros alunos do NPOR. Para quebrar a monotonia do deslocamento, uns jogavam damas, outros o domino, o Aluno Watrin pescava saborosos surubins os quais serviam como verdadeiro banquete para poucos privilegiados como eu, que podia substituir o rotineiro cozido pela iguaria fresca que acabara de ser pescada, logicamente sem que os superiores soubessem. Enquanto isso o hilário, espirituoso, safo, e, em alguns momentos apropriados, gaiato aluno Camilo Delduque dedilhava seu violão em acompanhamento as musicas que cantava em ‘’atendimento’’ aos desejos musicais do general, que o escutava do andar de cima. Depois de discorrer todo seu repertorio, e, ate mesmo repeti-lo extenuadamente o aluno Delduque parou a cantoria. O general que parecia estar gostando do som questionou ‘’Porque parou; parou porque’’;o aluno justificou o cansaço;de nada adiantou,o general queria mais;o aluno justificou haver exaurido o repertorio,de nada adiantou,o general queria mais.Sem nada mais em ter como justificar sua mudez musical,o aluno silenciou suas justificativas,e,saiu da vista do general.Colérico o general chamou o Capitão EB Dalter,comandante do NPOR determinando que ordenasse ao aluno que voltasse a cantar.Argüido pelo capitão o aluno justificava não ter mais o que cantar.De tanto ouvir a insistência do capitão,e,para não deixá-lo em descrédito junto ao general disse o aluno ao seu comandante;’’Capitão como o senhor pede mais uma vou lhe atender,mas,o general não vai gostar do som’’;responde Dalter,não faz mal Delduque,pelo menos te livra logo dele.Ato continuo o aluno dedilha em seu violão um samba,e,ao começar a cantar emana com sua voz a letra do Hino Nacional Brasileiro.Todos incontinente debandam do local ouvindo ao longe o bravejar do General;naquela época o hino em ritmo de samba era o mesmo de ver cristo sendo pregado na cruz.Ao fundo o sorriso entre dentes de todos os alunos,que em segundos cessaram dando lugar a um corretivo sobre os valores dos símbolos nacionais,e,o comportamento exigido para todo militar perante estes símbolos.O aluno Delduque desceu cabisbaixo,e,não cantou o resto da viagem toda,e,nem mesmo o general desejou novamente exigir,que o aluno cantasse.Imaginem o fato em 1970,na época nos permitimos um sorriso apertado,depois,um sorriso mais solto,hoje quando ate a Fafá de Belém canta nosso hino em ritmo de carimbo,podemos gargalhar,porem,sempre respeitando nossos amados símbolos,mesmo preferindo-o no original.Quem souber que outro conte.
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Belém 23 de março de 2013.
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WALMARI PRATA CARVALHO

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