* Artigo que motivou a exoneração de Wolgrand da SUSIPE, em
fevereiro de 2008.
“A governadora Ana Júlia,
"brilhantemente" assessorada, editou em setembro de 2007 o decreto
397 com o qual conferiu poder a si mesma para decidir as promoções na PM, por
merecimento, para os postos de major e tenente coronel. Esse ato desnecessário,
ilegal e arbitrário - somente a lei poderia fazê-lo - não foi contestado por
nenhum oficial da PM, pra variar, mas inspirou o Major Wolgrand a escrever o
presente artigo”
(nota do Professor Walber
Wolgrand).
.................................................
Ao editar o Decreto nº 397, de 17 de setembro de 2007, se auto concedendo o poder de decidir as promoções de oficiais superiores da Polícia Militar do Pará, a Governadora do Estado não apenas demonstrou exercer o poder que lhe confere a condição de Comandante Suprema da Força Militar Estadual – como afirmou o Chefe da Casa Civil em matéria veiculada na edição do jornal “O Diário do Pará” de 18 de setembro de 2007 -, mas utilizou um artifício que nenhum outro Governo Estadual precisou para promover quem lhe interessava na PMPA. Qual a razão dessa conduta?
Ao editar o Decreto nº 397, de 17 de setembro de 2007, se auto concedendo o poder de decidir as promoções de oficiais superiores da Polícia Militar do Pará, a Governadora do Estado não apenas demonstrou exercer o poder que lhe confere a condição de Comandante Suprema da Força Militar Estadual – como afirmou o Chefe da Casa Civil em matéria veiculada na edição do jornal “O Diário do Pará” de 18 de setembro de 2007 -, mas utilizou um artifício que nenhum outro Governo Estadual precisou para promover quem lhe interessava na PMPA. Qual a razão dessa conduta?
Quem conhece os meandros da
PMPA sabe que as promoções sempre tiveram como critério maior o político, mas
nunca foi necessário torná-lo público como ocorreu com a elaboração do decreto
nº 397, até porque, segundo a legislação específica da Corporação de Fontoura,
a promoção é um direito do policial militar que satisfizer as condições de
acesso, logo a legalidade enquanto critério, em tese, deve preterir qualquer
outro.
Ao revés, como as promoções são
precedidas de um processamento necessário para se “aferir o mérito” dos
concorrentes, que vai da publicação dos nomes dos candidatos, exames médicos,
exames físicos, de conhecimentos profissionais (que nunca foram feitos),
pontuação objetiva e subjetiva, até a promoção propriamente dita; sempre que se
quis beneficiar ou alijar alguém bastava manipular esse processamento,
conferindo a essa vil simulação ares de legalidade e legitimidade.
Por que agora a
Comandante-em-Chefe da PM precisou assumir pessoal e publicamente a incumbência
de “separar o joio do trigo” se podia determinar ao Presidente da Comissão de
Promoção de Oficiais – CPO que o fizesse, inclusive com mais eficácia e sem se
expor aos contratempos de um ato polêmico como o decreto supra? Além do mais,
com base em quais fundamentos a Governadora discordaria da CPO após esta ter
processado, com critérios previstos na Lei de Promoção de Oficiais, todos os
méritos e deméritos dos oficiais concorrentes à promoção?
Nesse caso seria a preponderância do juízo de gosto sobre o de valor, o que caracterizaria a inobservância do constitucional princípio da impessoalidade que deve revestir todo e qualquer ato emanado da Administração que, como se sabe, é PÚBLICA, logo não admitindo a prática de atos personalizados.
Nesse caso seria a preponderância do juízo de gosto sobre o de valor, o que caracterizaria a inobservância do constitucional princípio da impessoalidade que deve revestir todo e qualquer ato emanado da Administração que, como se sabe, é PÚBLICA, logo não admitindo a prática de atos personalizados.
Desse imbróglio proveniente de
mais uma ação atrapalhada do Governo do Estado, depreende-se duas coisas: O
atual Comandante Geral da PM não está ajustado com o raciocínio político da
Governadora do Estado; e, por outro lado, a assessoria desta demonstrou pouca
habilidade na elaboração de um decreto que mais denota arbítrio que
inteligência, além de promover o descrédito da Governadora ante a tropa
miliciana pela flagrante parcialidade com que se conduziu neste triste episódio
miliciano, que, mais uma vez, nos faz pensar que estamos na contramão do
hipotético Estado Democrático de Direito.
Se assistir alguma razão a este
raciocínio, cumpre-nos o seguinte questionamento: Por que então o Cel Luis
Ruffeil permanece no comando da PM? Não há especulação possível que dê cabo a
essa proposição. Cabe à Governadora respondê-la. No entanto se fala “à boca
pequena” que ele seria o “menos pior” dentre os coronéis que atualmente existe
na PMPA. Mas se o “menos pior” é capaz de causar um embaraço desta monta,
imaginemos o “mais pior”?
O certo é que de todos os
coronéis que atualmente existe na PMPA – e por que não dizer tenente-coronéis,
majores, capitães, etc. – poucos possuem identidade com a esquerda brasileira e
de pouco adiantará o poder de escolha se há escassez do objeto querido. O que
fazer então se não é possível importar oficiais com perfis desejados? Diante
dessa disjuntiva férrea em que se encontra o atual governo e não restando
alternativa a não ser contar com a mão de obra existente, apresento, a título
de sugestão, algumas premissas que podem ser consideradas por ocasião de
futuras escolhas que, querendo ou não, terão que ser feitas:
1 – Inicialmente, se for
possível identificar, deve-se escolher os oficiais QUE POSSUEM ALGUMA
IDENTIDADE COM A ESQUERDA BRASILEIRA, pois haverá grande chance - se possuírem
alguma convicção ideológica - de não abandonarem o barco mesmo se advirem
tempos de vacas magras.
2 – Em segundo lugar, julgo conveniente escolher os oficiais SUBMISSOS (existem muitos dessa espécie), pela capacidade de cumprirem as ordens recebidas sem qualquer questionamento, e o que é melhor, demonstrando satisfação e presteza, desde que as ordens sejam dadas com clareza e acompanhadas de alguma fiscalização.
2 – Em segundo lugar, julgo conveniente escolher os oficiais SUBMISSOS (existem muitos dessa espécie), pela capacidade de cumprirem as ordens recebidas sem qualquer questionamento, e o que é melhor, demonstrando satisfação e presteza, desde que as ordens sejam dadas com clareza e acompanhadas de alguma fiscalização.
3 – Depois, convém escolher os
INTERESSEIROS, que se julgam práticos, mas, na verdade, se voltam para o
próprio umbigo e objetivam com suas ações apenas o que lhes beneficiam. Estes
podem ser úteis como os ratos da experiência do Skinner e Pavlov, porém como
respondem aos efeitos mecânicos de um estímulo–resposta precisam mais que os
segundos de ser devidamente monitorados e estimulados segundo a ação que se
quer que os pratique.
4 – Por fim, subsistem os
demais, que não são muitos, mas pela natureza astuta e nociva devem ter as
unhas e dentes devidamente serrados e ser cuidadosamente atados ao pé do fogão
com uma corda que lhes permita, no máximo, movimentar minimamente o corpo para
satisfazer apenas as suas necessidades fisiológicas.
Assim, para escolher os futuros
afetos ou desafetos, penso que a Governadora do Estado não precisa “matar
passarinho a canhão” editando outro ato de má repercussão, pois basta a
Comandante em Chefe da PM se reconhecer enquanto tal, colocando os seus
subordinados – ou insubordinados – nos seus devidos lugares, exigindo-lhes que
se comportem em consonância com o seu raciocínio político-administrativo para
que coisas tão pequenas, como as promoções de oficiais da PM, não venham a
macular um governo que afirma possuir a marca da legalidade e da justiça, mas
que, neste episódio, agiu pior que as aves de rapina de outrora.
Moral da história: Há várias
formas de matar uma galinha. Optou-se em jogá-la no liquidificador.
Historicamente os governos de esquerda NUNCA foram bons ou justos com os militares. Espero que a PMPA tenha aprendido a lição!
ResponderExcluirNo Estado do Pará temos 3 partidos fortes e uma penca de outros tantos que vivem pra lá e pra cá, conforme a conveniência. São eles o PSDB, PMDB e PT.
Nessa luta/disputa pelo PODER, temos a competição, a cooperação, o conflito... Tudo isso, na busca pelo PODER.
O governo petista no Estado foi o pior do Brasil. Nem o presidente Lula, com alto índice de aprovação, conseguiu mudar o cenário político local. PT no Pará? Esquece!!!
Hoje temos um Governador decente e digno desse Estado. E o ambiente na Corporação é outro desde então. Tivemos 2 bons e honestos comandantes na PM: Solano e Daniel.
O passado é fato e ficou pra trás, vamos viver o presente, corrigir os erros, fortalecer a Instituição, com vistas para um futuro melhor.
Boa sorte e saudações milicianas!
Oficial PM.