Caros leitores,
Este belo texto da jornalista Eliane Cantanhêde ilustra bem como o sentimento de repulsa pelo "estrangeiro" é universal. O outro é sempre o outro. Ele é uma ameaça para a consecução dos nossos objetivos (interesses).
Por isso, a prática da xenofobia pode se manifestar em toda e qualquer relação humana. Os sulistas possuem restrições aos nordestinos e nortistas, e vice-versa. Os torcedores do payssandú pelos do Remo, e vice-versa. Os "separatistas" do Estado do Pará pelos não separatistas, e vice-versa. E assim por diante.
Parte expressiva da sociedade brasileira criticou o Deputado Jair Bolssonaro por ele ter demonstrado aversão aos homossexuais. Porém, no fundo, penso que possuímos um Bolssonaro dentro de nós.
O Editor.
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BRASÍLIA - O mundo efetivamente dá voltas. Houve um tempo longínquo em que o Brasil era um oásis para portugueses que não tinham onde cair mortos. Houve um tempo, até recente, em que Portugal foi um oásis para os brasileiros sem perspectiva -de renda e de vida. E eis que, com a crise econômica internacional, a direção da migração volta a se inverter. E traz problemas.
Nos anos de crescimento europeu, os dentistas brasileiros emigravam para Portugal, onde sofriam restrições e perseguições. Agora, com o crescimento brasileiro (apesar da queda nas previsões) e a crise na Europa, são os engenheiros, arquitetos, advogados e pilotos portugueses que sofrem constrangimentos, principalmente de ordem legal, mas também de ordem corporativa, para trabalhar em suas áreas no Brasil.
Esse foi um dos temas da conversa entre Dilma e o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, numa passagem-relâmpago dele por Brasília. E já há uma comissão dos dois governos tratando da questão, que interessa a centenas, talvez milhares, de profissionais de nível superior. Portugal, que já exportou garçons e faxineiras para Alemanha, Suíça e Áustria, hoje espanta mão de obra qualificada para o Brasil, um porto razoavelmente seguro.
Levantamento do Ministério da Justiça, publicado por "O Globo", mostra que o número de estrangeiros estudando, trabalhando ou acompanhando seus parceiros superou, pela primeira vez em 20 anos, o de brasileiros que foram viver no exterior.
Ou seja: em vez de só os brasileiros tentarem uma vida melhor no Primeiro Mundo, cidadãos dos países ricos e também (ou principalmente) da América Latina, da África e da Ásia fazem o caminho inverso.
Convém discutir seriamente a questão da mobilidade nesses tempos de globalização. Hoje, eles é que precisam entrar aqui. Amanhã, somos nós que precisaremos entrar lá de novo. Nunca se sabe...
Corrija o nome da mulher senão ela acaba lhe processando.
ResponderExcluirNão é CaStanhede, o nome dela é CaNtanhede viu?
Troque a letra "S" pela "N".
Caro anônimo,
ResponderExcluirObrigado pela dica. Como não convém responder a mais um processo, já corrigi o nome da jornalista. kkkkkkk
Um abraço!