O Ministro do Planejamento, Romero Jucá, caiu! Caiu porque o
governo Temer está em estágio probatório. Em condições normais seria
inimaginável a saída de um ministro de primeira grandeza por causa de uma “simples
gravação”. Isso prova que a estabilidade é um mal, porém querido por quase a
totalidade dos seres humanos. Se Temer, que precisa se legitimar no poder, não
se sentisse ameaçado, teríamos de engolir Jucá como tantos outros figurões que
os governos do PT mantiveram, mesmo sob bombardeio fragoroso de denúncias.
Ao revés, se não devemos ter grandes expectativas quanto a gestão
da coisa pública, que está fora do nosso controle individual, pelo menos
podemos tirar sábias lições de episódios como o protagonizado pelo bando que atualmente
ocupa os elevados cargos administrativos da nação. Me refiro ao fato de não
devermos permitir que as pessoas com quem nos relacionamos se sintam
confortavelmente estáveis na amizade. A ameaça de dissolução dos laços afetivos
é tão necessária, do ponto de vista psicológico e moral, que uma pessoa atenta
e esclarecida deveria zelar incansavelmente por ela, pelas mesmas razões que
derrubaram Jucá.
A iminência da perda, da transformação, é um remédio poderoso
contra a indiferença. Se a instabilidade de um estágio probatório tem o poder
de melhorar, pelo menos por 180 dias, a conduta do Presidente da república, no
campo pessoal ela pode render frutos ainda mais benfazejos. Se soubermos
manipular os fatos, a ponto de o outro se sentir permanentemente ameaçado, a
possibilidade de sofrermos reveses emocionais cairá vertiginosamente.
Os fracos, como disse Netzsche, estabilizam o mundo. Os
espertos, o colocam em movimento. No fim, a nossa sorte é que tudo, um dia, como
disse Aquiles, no filme Tróia, acaba: “os deuses nos invejam porque somos
finitos”.
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